“Trilogia Contos para Maria” ganha contação de histórias em escolas públicas de Florianópolis

De autoria da atriz e palhaça Greice Miotello, contos serão apresentados em temporada que marca também o lançamento do último livro da série, ‘O Gigante’

A criatividade e a busca por novas histórias e contextos para o crescimento da filha foram os pontos de partida para a criação da Trilogia Contos para Maria, uma série de livros de autoria da atriz, palhaça e produtora cultural catarinense Greice Miotello, formada pelas histórias ‘A Bruxa do Cabelo Branco’, ‘O Saco Velho de Batatas’ e ‘O Gigante’. As obras serão apresentadas em formato de contação de histórias entre os dias 24 e 28 de abril em 21 escolas de Florianópolis/SC.

A série marca também o lançamento do terceiro e último livro físico da trilogia, ‘O Gigante’, ilustrado pelo artista plástico Humberto Soares e produzido através de recursos do Fundo Municipal de Cultura de Florianópolis. Exemplares físicos serão distribuídos em todas as instituições de ensino infantil e básico da cidade, além de versão em braille que será disponibilizada em quatro instituições para deficientes visuais.

Para a contação, Greice sobe ao palco para narrar ‘A Bruxa do Cabelo Branco’ e conta com a parceria de dois colegas de trabalho que, junto com ela, integram a equipe de palhaçaria da Traço Cia. de Teatro: Egon Seidler, que dá vida ao conto ‘O Saco Velho de Batatas’ e Débora de Matos, que interpreta a história de ‘O Gigante’.

Este projeto foi aprovado pelo Edital de Apoio às Culturas Nº 623/SMA/DSLC/2021. Conta com o apoio artístico da Traço Cia. de Teatro e patrocínio do Fundo Municipal de Cultura, da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes e da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte da Prefeitura de Florianópolis.

Inspiração

A inspiração maior para a criação da Trilogia é Maria Carolina, filha única de Greice que tem agora nove anos de idade. O motivo, simples e ao mesmo tempo revolucionário: contar histórias para a pequena dormir era um ato de amor mas, cansadas de conviverem sempre com os mesmos contos, inventaram novas histórias que, de formas singulares, conversavam com o universo particular de Maria: uma bruxa-menina que tem os cabelos brancos; um saco velho de batatas que, de tão usado, temia ser esquecido e perder sua utilidade no mundo; e um gigante que mora nas nuvens com os pássaros e defende o meio-ambiente.

“No ato de contar histórias para crianças, o adulto fornece materiais e elementos para o processo de construção da identidade social e cultural dos pequenos. Isso também alimenta a criatividade, a memória e amplia o vocabulário, ajudando na linguagem e em tantos outros tantos benefícios na formação de um ser. Contando ou ouvindo histórias compreendemos melhor nós, nossa existência e o mundo em que vivemos”, afirma Greice.

Foi desta forma que, com muito carinho e sensibilidade, Greice criou histórias que se misturavam ao universo particular de Maria:

“No caso da ‘Bruxa do Cabelo Branco’, por exemplo, eu trazia a reflexão de como é legal ter os cabelos do seu jeito, do prazer de ter ele de vários tipos diferentes”, relembra a atriz. “Quando narrava que o cabelo da bruxa era todo cheio de cachinhos, a Maria logo se identificava. Isso vem de um lugar da mulher de se aceitar como é”.

Já para ‘O Saco Velho de Batatas’, Greice se apoiou no exemplo de seu pai, que tem um sítio na cidade de Urussanga/SC. “Ele sempre adorou fazer festas grandes, sempre foi muito ativo, e depois de se aposentar, ficou com aquele questionamento: ‘O que eu vou fazer agora?’ Aí me veio a analogia do saco velho de batatas, que de tão velho, temia ir para a feira um dia e ser jogado fora”.

Para ‘O Gigante’, Greice adaptou o clássico João e o Pé de Feijão e colocou uma pitada de conscientização ambiental: “O gigante sempre é visto como uma criatura ruim, malvada, e nessa história eu coloco ele em um lugar de protetor da floresta. Aqui a gente conversa muito sobre a destruição do meio ambiente, um assunto que vai para muito além do meu universo com a Maria e que é urgente”.

Universo da leitura

A motivação para criar as próprias narrativas vem desde a infância de Greice. Com a sensação de ler por obrigatoriedade no período escolar, e sempre com os mesmos livros e narrativas, ela foi aos poucos perdendo o interesse pela leitura – uma espécie de desencanto pela qual muitos jovens passam ainda hoje dentro do formato de educação tradicional nas escolas brasileiras.

Foi já no Ensino Superior, quando cursou Licenciatura em Educação Artística com Habilitação em Artes Cênicas na Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), que Greice se reencontrou no gosto pela leitura. “Ali eu percebi que poderia fazer isso com prazer, me conectando com livros e histórias que me geravam interesse”, relembra.

Contato com as escolas

A contação dos dois primeiros volumes da Trilogia já aconteceram anteriormente em escolas públicas de Florianópolis – e outras cidades do Estado de Santa Catarina. Em várias dessas ocasiões, Greice relata a reverberação positiva da apresentação. “Uso o formato de contação de histórias porque acredito ser algo acessível. O público infantil vibra com isso e as professoras conseguem dar continuidade ao conteúdo, como já aconteceu várias vezes”.

As ilustrações dos três livros, realizadas pelo artista plástico de Canelinha/SC Humberto Soares, também vêm como uma grande parceria que ajuda a dar vida às histórias de Greice. “Ele está junto comigo desde ‘A Bruxa do Cabelo Branco’ e tem traços muito lindos, com uma boa escuta e sensibilidade, que se traduzem nas páginas que todos vão poder ver nos livros”, afirma Greice.

Além de apresentar, os palhaços-artistas levam os livros para as crianças visualizarem, como um estímulo para que os pequenos se desconectem das telas de celulares e televisões por aquele momento. “Hoje em dia não se imprime mais livro e eu gosto desse livro físico ainda, de poder folhear, tatear, ver as imagens”, finaliza.